11 novembro, 2019

Interações Instintivas

por Milene Siqueira


       
      Cada ser humano possui um aroma único, um cheiro impresso tão individual quanto sua impressão digital, embora não seja estático.
      A impressão olfativa, é um padrão em constante estado de fluxo, determinado por uma variedade de fatores, incluindo: composição genética (principalmente etnia), estado de saúde, os alimentos que ingerimos, os remédios que tomamos, e até mesmo a água que bebemos!

      Nosso corpo é constituído de dois tipos de glândulas sudoríparas: as apócrinas e écrinas. A responsável pelo conhecido mau cheiro são as apócrinas que estão localizadas nas axilas, couro cabeludo e virilha, a secreção destas glândulas é drenada, não por poros da pele, mas pelos folículos dos pelos destas regiões. Este suor além de água e eletrólitos como o das glândulas écrinas, contém ainda gorduras e proteínas, e alguns outros elementos como hormônios e alcalóides, derivados de certos alimentos que podem produzir odores próprios. Essas gorduras e proteínas entram em contato com as bactérias da pele, produzindo o mau cheiro (bromidose). É na puberdade que estas glândulas intensificam a sua atividade.

     Teoricamente quanto mais verduras e frutas forem usadas na alimentação mais sutis as pessoas tenderiam a se tornar. Porém, esse capítulo fica à parte, pois além de complexo, depende muito de cada organismo, e principalmente da combinação de alimentos x enzimas digestivas. Porém é importante conhecer seu comportamento digestivo, e adequá-lo a uma alimentação que lhe faça "cheirar bem"! 

     Estados emocionais também alteram o cheiro do corpo notavelmente, e tudo é um ciclo: estados corporais gerando estados emocionais, e vice versa, e em meio disto: o odor!

     Nem sempre a pessoa consegue notar o seu próprio cheiro. Pessoas com maior contato com os óleos essenciais se beneficiam, pois conseguem aos poucos diagnosticar outros diversos aromas - incluindo os de seu próprio corpo -, vão percebendo sutis diferenças, estando assim alerta ao início de desordens, infecções. Aguça-se a percepção olfativa, e estende-se para outros níveis.


     O sentido olfativo da mulher é geralmente mais discriminativo do que o do homem, daí uma interpretação biológica para a “intuição” feminina. 
     No corpo, o vômer, ou órgão vomeronasal (OVN), com suas células quimiosensitivas, é o responsável por detectar sinais químicos como os feromônios, e regula comportamentos sexuais e sociais. Em comparação, talvez possamos dizer que o órgão vomeronasal esteja para o nariz, como o cerebelo está para o cérebro! 

     Pessoas sem olfato (anosmia) tendem a problemas sexuais, hormonais, incluindo órgãos reprodutivos pouco desenvolvidos. Pessoas com redução do olfato (hiposmia) - o que é bastante comum de acontecer ao longo da vida -  geralmente tem a diminuição da libido.

     É toda essa impressão olfativa que determina muitas de nossas respostas instintivas aos outros, aqueles que nos atraem, aqueles de quem não gostamos, e aqueles com quem escolhemos nos unir. Se nossos padrões mudam, a química do nosso corpo também reage, repelindo o outro. Vamos nos afastando, olhamos de lado, não encaramos, como quem quer colocar o nariz longe.

 
     ICH KANN IHN NICHT RIECHEN, é uma expressão em alemão que ilustra bem o quanto o cheiro é fundamental, significa “não posso cheirá-lo”, que é uma afirmação de um intenso desgosto. E sem cheirar, "desgostosa" vai ficando a vida!

    E acredito que a aversão também possa ser uma das causas psicossomáticas para a diminuição ou mesmo perda olfativa - como uma maneira inteligente do corpo em permanecer em relações que não "cheiram" mais bem!




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